A IGREJA MATRIZ

(In "Portugal Antigo e Moderno", de Pinho Leal, Vol 11)

Os templos desta Vila e seu termo reduzem-se hoje à sua igreja matriz, a 8 capelas públicas e a 1 particular.

A igreja matriz é um templo dos maiores e melhores da província, mandado edificar por el-rei D. Manuel.

Tem uma bela frontaria com um rico portal em estilo gótico florido, encimada por um campanário com três sineiras e dois grandes sinos; a meio um óculo, ou espelho liso; 2 escudos com as armas reais portuguesas (5 chagas e 7 Castelos), no centro dos 2 escudos a imagem da Virgem com o filho morto nos braços, representando a Senhora do Pranto, que é a padroeira; aos lados 2 esferas anilares, uma com a cruz da ordem de Cristo, emblema d'el-rei D. Manuel, outra com uma flor de lis, e no cunhal, do lado da epístola, a inscrição seguinte: «Esta obra se fez no ano de 1757, sendo Abb.° desta igreja António Esteves Pereira.»

Deste conjunto se vê que este templo foi fundado por el-rei D. Manuel, e restaurado e ampliado em 1757. 

Interiormente tem três naves, firmadas sobre 6 colunas de granito, redondas e lisas, capela-mor com um soberbo retábulo de talha dourada e boas pinturas antigas no tecto e nas paredes, coro espaçoso sobre o guarda-vento, no corpo da igreja 2 altares laterais de boa talha antiga e 2 aos lados do arco cruzeiro com decorações de talha moderna, mais barata, tecto liso de madeira com larga e vistosa pintura; no centro a imagem da padroeira, aos lados muitas figuras bíblicas com muitos versículos da bíblia também, e ao fundo, perto do coro e no mesmo tecto, o retrato do abade que promoveu a restauração e ampliação deste templo, como dizem as legendas que tem aos lados: «Esta obra foi feita no ano de 1767 Sendo Abb.8 desta Igreja António Esteves Pereira.»

E por baixo do retrato estoutra: Ubi sunt duo, vel tres congregati in nomine meo, ibi sum in médio eorum. Escles, cap. 25.

Tem um só púlpito de granito com 8 faces, pintado e encostado a uma das colunas que sustentam as naves, do lado do evangelho, e entre as sepulturas que ainda se veem no interior do templo avulta uma com a inscrição seguinte: «Sª DE GONÇALO DE MORAES E CASTRO ABBª QUE FOI NESTA IGREJA. FALECEU A 22 D’AGOSTO DE 1685.»

Tem boa sacristia com ampla credência e ricas decorações de talha dourada e tecto de madeira bem trabalhado e bem pintado, com ornamentação de talha dourada também.

Teve também esta igreja preciosas alfaias de prata sendo algumas do tempo de el-rei D. Manuel; mas todas foram roubadas pelos franceses nos princípios deste século, por ocasião da guerra peninsular.

Concluiremos este tópico dizendo que esta majestosa igreja foi mandada fazer por el-rei D. Manuel e ampliada pelo benemérito abade António Esteves Pereira em 1757, acrescentando-lhe em toda a sua extensão 3,40 m. por banda; o mesmo abade a mandou cobrir, forrar e pintar em 1767; hoje mede interiormente 13,74 m. de largura e 36,15m. de comprimento, e os seus abades foram sempre tão considerados que usam de murça e anel, como os cónegos, desde tempos muito remotos.


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