AS FREGUESIAS

(In "Portugal Antigo e Moderno", de Pinho Leal, Vol 11)

Esta Vila em 1708 pertencia á comarca de Pinhel; passou depois para a de Trancoso; em seguida para a da Mêda; extinta esta, (1) passou para a da Pesqueira; desde 1854 (me parece) foi elevada à categoria de sede de comarca própria, formada pelo seu concelho somente, com 25 freguesias; mas hoje, depois da criação da comarca da Mêda, que lhe roubou as 8 freguesias já mencionadas, compreende apenas as 17 seguintes : Cedovim ou Sedavim, Chãs, Custóias, Freixo de Numão, Horta, Mós,  Murça, Muxagata, Numão, Santa Comba, Santo Amaro, Sebadelhe, Seixas, Touça e Vila Nova de Foz Côa, todas estas do bispado de Lamego, e Almendra e Castelo Melhor, do bispado da Guarda, com o total de 3.168 fogos e 12.631 habitantes, segundo o ultimo recenseamento.

Aquelas duas freguesias de Almendra e Castelo Melhor pertencem ao bispado da Guarda, porque estão na margem direita do rio Côa, pois desde 1882, data da última circunscrição diocesana, o Côa e a ribeira de Massoeime, sua confluente, formam por este lado a linha divisória entre os bispados de Lamego e da Guarda.

Pertencem, pois, à diocese da Guarda todas as freguesias da margem direita do Côa e da ribeira de Massoeime até à raia da Espanha, freguesias que outrora pertenceram à diocese de Caliabria, depois á de Cidade Rodrigo, em seguida á de Lamego e por ultimo á de Pinhel, criada em 1770 e extinta em 1882. (V. Caliabria e Pinhel.)

A freguesia de Vila Nova de Foz Côa tem como limítrofes: Muxagata ao sul, Santo Amaro a N. O., a leste o rio Côa, e o Douro a N,  N. E e N. O.. Esta freguesia tem uma área muito extensa. De leste a oeste, seguindo da Foz do Côa pela margem esquerda do Douro, deve medir cerca de 20 quilómetros d'extensão, por causa das grandes sinuosidades que o Douro aqui descreve; e de norte a sul deve ter metade d'aquella extensão, aproximadamente.

Está compreendido no seu termo, a N. O. o monte Meão, quase todo baldio, logradouro comum desta paróquia e um dos seus grandes mananciais de riqueza, pois nele apascenta muitos gados e colhe muito pão e lenha. Diremos que é granítico e bastante espaçoso. Mede talvez mais de 5 quilómetros quadrados e tem penhascos horrorosos, fojos e despenhadeiros medonhos que os próprios caçadores da localidade não podem transpor sem guia, mas compreende também muito terreno chão, arável e fértil. É cercado pelo Douro a N.—E. e O.

Note-se que nas freguesias de ambas as margens do Côa hoje há grande falta de combustível.

Poucos são os proprietários que têm lenha suficiente para todo o ano; o povo vai buscá-la {roubá-la) a grandes distâncias; queima inclusivamente os excrementos dos bois, e cozinha e aquece os fornos com palha!...

Para aumentarem a cultura dos cereais de pragana, destruíram os matos e lavraram os montes todos. O resultado é não terem lenha para queimar, nem madeira para construções, nem mato para estrume.

(1) A comarca de Mêda foi restaurada em 1872 (me parece) à custa desta de Foz Côa, da qual recebeu as 8 freguesias seguintes: Barreira, Carvalhal, Coriscada, Gateira, Marialva, Pai Penela, Rabaçal e Vale de Ladrões.

Quase todas lamentam ainda hoje a desmembração, porque o município da Mêda é pobríssimo, enquanto que este de Foz Côa é um dos mais ricos da Beira, pelo que as contribuições municipais são muito mais violentas na Mêda. Deus perdoe ao falecido António Homem da Silveira Sampaio e Mello, do Rabaçal, que foi quem promoveu a criação da comarca da Mêda, para ter a sede mais próxima da sua rica e muito nobre casa.


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