AS EDIFICAÇÕES PÚBLICAS

(In "Portugal Antigo e Moderno", de Pinho Leal, Vol 11)

Depois da igreja matriz, o primeiro edifício público desta Vila hoje é o seu tribunal, um dos melhores do distrito. Foi principiado em 1857 e ultimado em 1868. 

Ergue-se a N. da Praça, no próprio sítio onde estiveram os velhos paços do concelho.

Tem no "rez de chaussé" (sic) um pavimento onde está a cadeia, com 6 grandes janelas, além do espaçoso portão de entrada; no andar nobre outras 6 grandes janelas de frente com uma porta rasgada e uma varanda ao centro e no topo as armas reais portuguesas com as quinas e 7 Castelos.

Tem janelas nas outras três faces, muito pé direito, bastante fundo e acomoda em boas condições o tribunal, recebedoria, paços do concelho, conservatória e todas as outras repartições publicas da Vila.

Em frente está na mesma praça o velho pelourinho restaurado e muito bem conservado.

É uma grande coluna de granito quadrada, tendo a meio ornamentação de cordas era relevo e no topo quatro pirâmides e uma esfera armilar, com a cruz da ordem de Cristo e flores de lis, emblemas de D. Manuel e de D. João I, aos quais esta povoação, como já dissemos, deve a sua igreja paroquial e a categoria de Vila.

Visitámos também o antigo bairro do Castelo, núcleo da Vila e que se ergue em um pequeno morro a meio dela, formado por diferentes ruas muito estreitas, que foram o bairro dos judeus, todas povoadas, e conservando ainda alguns lanços dos velhos muros.

Também subimos ao alto da velha Torre do relógio, hoje restaurada, caiada e bem conservada. Tem um bom relógio novo com um sino, e termina em um eirado, que é o mais belo miradouro da Vila. Dele se goza um largo horizonte, embora muito irregular, e um interessante panorama, posto que bastante agreste.

Dali e só dali se descobre toda a Vila e seus arrabaldes; a leste as capelinhas de S. Pedro e Santa Bárbara e mais ao longe as Freixedas; ao norte, além do Douro e já na província de Trás-os-Montes, a igreja de Urros e as freguesias do Prêdo e Assureira; a N. O. o Monte Meão e a freguesia da Lousa, lá ao longe, na margem direita do Douro, e mais ao perto a capelinha de Santo Amaro; na Vila, ao poente, o tribunal, a igreja matriz, o Campo da Feira, a lagoa, o cemitério, as capelinhas de S. Sebastião e Santo António e a várzea da Flor da Rosa; e para o sul grande extensão da Beira Baixa, avultando ao longe em todos os quadrantes montes agrestes.

O cemitério está no mais bonito e interessante local da Vila, dominando-a quase toda, bem como o vasto Campo da Feira, que lhe fica a jusante—e a montante a nova estrada do Pocinho, que tem aqui um formoso lanço em linha horizontal, caminhando de sul a norte e oferecendo um agradável passeio.

Parece um jardim público e em jardim deverá transformar-se, removendo-se o cemitério para outro ponto um pouco mais distante, pois está em íntimo contacto com a pestilenta lagoa e com a Vila, envenenando a atmosfera e comprometendo a salubridade publica.

Chamamos para este tópico a atenção dos ilustres camaristas, pois sabemos que projectam fazer um jardim publico, ao lado sul do cemitério e contiguo a ele!. ..


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