A PRODUÇÃO AGRÍCOLA

(In "Portugal Antigo e Moderno", de Pinho Leal, Vol 11)

As produções principais desta paróquia são: trigo, centeio, cevada, vinho, azeite, lã, caça miúda, melões, melancias, amêndoas e sumagre.

O terreno em volta da Vila é plano e de agradável aspecto, mas muito árido e muito falto de arvoredo.

Apenas de longe em longe se vêem algumas oliveiras e amendoeiras e junto da povoação algumas hortas. São aqui também raros os vinhedos.

O chão é fértil e produz bastante trigo, centeio e cevada, mas, como não o estrumam, necessita de folga e é semeado à folha, exceptuando o terreno próximo da Vila que, por ser mais chão e receber alguns adubos, é semeado todos os anos

O fertilíssimo chão da Veiga foi quase todo reguengo, propriedade particular dos nossos reis; depois passou para o município, que costumava arrendá-lo por 300 a 400 mil réis anualmente; por último foi vendido em hasta publica e comprado por D. Antónia Raquel Ferreira, viúva do capitão-mor desta Vila.

É hoje desta senhora e do seu filho único Augusto Lopes Pereira da Silva, residente no Porto, hoje o primeiro proprietário desta Vila, pois não só é dono da quinta do Reguengo, hoje a 1ª deste concelho, mas de outras muitas. Tem a quinta do Reguengo hoje uma boa casa de habitação, grande armazém e lagares soberbos, de onde vai o vinho encanado para os toneis, tudo nas melhores condições, sendo a planta para todas estas obras feita pelo engenheiro Joaquim Maria Fragoso, de Coimbra, casado em Vila Nova de Foz Côa. 

Esta quinta do Reguengo, enquanto foi do município, apenas produzia cereais, mas o seu actual possuidor a plantou toda de vinha e produz cada milheiro de vides baixas 3 a 4 pipas de vinho, como na ribeira da Vilariça, que é o chão mais fértil de Portugal. (Vd. Vilariça.)

Compreende a formosa quinta do Reguengo pouco mais de 30 milheiros de vides baixas, e produziu no ultimo ano 155 pipas de vinho!  Foi comprada por seis contos de réis em 1876; metade do Reguengo pertencia ao município e a outra metade ao passal do pároco desta freguesia.

A câmara de Vila Nova de Foz Côa ainda possui na fértil várzea da Veiga alguns chãos na margem do Douro e que o rio cobre e aduba nas cheias. Costuma arrendá-los e produzem admiravelmente milho, trigo, feijões, abóboras, melões e melancias.

Colhe também esta paróquia muitos melões e melancias em outros pontos do seu termo, nas hortas dos arrabaldes da Vila, nas da Flor da Rosa, sendo todos os seus meloais de secadal, e os melões e melancias da Flor da Rosa saborosíssimos, talvez os melhores de Portugal; mas os que abundam nas feiras e nos mercados da Vila vão da grande ribeira da Vilariça, da freguesia da Muxagata e da quinta da Veiga termo de Longroiva, excelente propriedade do conde de Tavarede.


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